TERREMOTO NO PAQUISTÃO 2013
Um grande evento sísmico afetou o sudeste do Paquistão em 24/09/2013, às 11:29 GMT UTC. O terremoto cuja magnitude foi de 7.7 graus na escala Richter teve como epicentro uma área a 63 km de Awaran enquanto o hipocentro se deu a 15 km de profundidade.
A energia liberada foi equivalente a cerca de 5,3 milhões de toneladas de TNT, ou seja, a energia liberada por cerca de 270 bombas atômicas.
Figura 1: Visão geral da região onde ocorreu o terremoto do Paquistão em 24/09
Geologicamente a região é considerada instável pelo fato de se posicionar na área de escape lateral da cadeia himalaiana. Com o movimento da India sob a placa Euroasiática (subducção do tipo A) e a consequente elevação da cadeia de montanhas himalaiana (orogênese himalaiana), são criadas duas zonas de escape lateral (figura 1 e 2), uma posicionada em parte da porção leste do Afeganistão e região central do Paquistão e a outra entre Mianmar (antiga Birmânia) e a província da Yunan no sudeste da China.
Figura 2: (a) Mapa da Índia e do Planalto Tibetano e a posição do Monte Everest e (b) Simulação do empurrão de um bloco rígido (Índia) contra um bloco mais frágil (sudeste da Ásia), criando rupturas laterais que funcionam como zonas de escape (ver círculos vermelhos). Adaptado de Tapponier et al. (1982).
O predomínio das estruturas geológicas nesses dois locais é o de falhas geológicas direcionais, chamadas transcorrentes. No local do recente terremoto pode-se observar cristas e vales retilíneos direcionados mais ou menos para norte-sul, os quais representam alinhamentos estruturais os quais se encurvam na sua porção sul (figura 3).
Até o dia 27 foram registradas 17 réplicas acima da Magnitude 4.0, estando todas posicionadas a norte do local onde foi registrado o epicentro (figura 3).
Figura 3: localização das 17 réplicas (acima da Magnitude 4.0) ocorridas até o dia 27/09. Notar que todas as réplicas situam-se a norte do epicentro.
Um fato inusitado em relação a esse terremoto foi a formação de pequena ilha no litoral de Gwadar (figura 4), que foi interpretada inicialmente como um vulcão de areia e argila que emergiu da zona de plataforma local. Outra possibilitada, porém remota, é que tenha havido um deslocamento ascensional de um bloco do embasamento dessa bacia.
O que chama a atenção é o fato dessa estrutura estar muito distantes do epicentro e das réplicas, possibilitando interpretar-se que poderia ter ocorrido a partir de um segundo evento sísmico concomitante ou tardio ao primeiro e mais importante.
Figura 4: Imagem da ilha de 200 m de diâmetro por 10 m de altura, formada no evento sísmico no Paquistão.
Autor do texto: Eduardo Salamuni